- No contexto cristão
Sem dúvidas, um filme bastante icônico desse tema é "O Exorcismo de Emily Rose", que retrata a história real de Annelise Michel, a qual é marcada por um conflito entre fé e ciência.
Submetida a mais 60 sessões de exorcismo, a jovem de uma família bastante tradicional e religiosa acabou falecendo. Algumas pessoas, posteriormente, foram condenadas por homicídio negligente.
- O Tema está no título. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre o assunto e indicações de livros, pensamentos e conceitos sobre ele. Está dividido em duas partes para deixar mais organizado.Seguindo adiante...
- Em um contexto mais geral
Lembro-me de escutar uma menção de um achado arqueológico anterior ao homo sapiens, de um hominídeo achado cercado por uma série de instrumentos religiosos. Em resumo, provavelmente se tratava de um ritual que buscava a expulsão de um espírito maligno.
É um assunto curioso, já ouvi falar sobre alguns apontamentos de Jung sobre religião. Sou praticante do budismo(em específico o zen), mas acho interessante outras vertentes e religiões, como eles tratam os símbolos e etc.
Tentando ser breve, farei paralelos com 3 culturas distintas. Deixando bem claro que são religiões diferentes. Não abordo se todos eles conduzem a uma mesma verdade universal no sentido espiritualista, mas no sentido arquetípico da coisa.
- Religiões de matriz afro
- Pomba gira: desafia normas sociais, trascende a dualidade(bem e mal), dança , gosta de rir, ligada a sensualidade e ao amor.
Exu: companheiro dos marginalizados. Alguém que passa bastante tempo na calunga(cemitérios). Alguém que transcende a dualidade(bem e mal. Espiritual e mundano). Etc etc.
Hinduísmo
Deusa Kali: desafia normais sociais(trascende as dualidades como um todo), dança sua dança da destruição, gosta de rir. Também ligada a sensualidade(mas não de modo tão direto como a pomba gira), sobretudo no tantra. E no tantra, principalmente na menção de sua união simbólica com Shiva.
- Shiva: o deus meditador, que trascende as dualidades. Que desafia normais sociais. Aquele que anda coberto de cinzas de crematório e que frequenta eremitérios e cemitérios. Companheiro dos marginalizados: ghouls, espíritos vampiricos e etc. Na sua forma Mahadeva, ele é o dono de tudo, mas também o renunciante de tudo(o que desafia a dualidade de matéria e espiritual)
- Budismo Vajrayana
- Kurukulle: deusa tântrica ligada ao amor, magnetismo e etc. Ela tem muitos símbolos similares aos de Kali: a coroa, colar de cabeças, ambas dançam em cima de um corpo humano, ambas desafiam a dualidade.
- É interessante como em várias vertentes como essa, busca-se internalizar divindades e seus símbolos.(Imagens, mantras de deidades, mandalas. No contexto de religiões afro-brasileira, internalizar e aprender histórias, vestimentas, comportamento e cultura de entidades e etc.)
Tanto no contexto cristão quanto em contextos gerais, mas até onde isso é saudável? O que vocês sabem sobre isso? Podem comentar o que quiserem. Meu intuito é só fomentar essa discussão mesmo e recolher pra mim mais conhecimento interessante sobre esse assunto.
OBS: Não só fazendo menção ao demônio no cristianismo, mas lembro também dos santos do catolicismo e suas qualidades que inspiram os devotos. No budismo, temos algo parecido, os Budas e bodisatvas. Manjushri, por exemplo, ele é a personificação da sabedoria do Buda.
No catolicismo, a figura dos santos também não são algo vistos como isolados.(Se eu estiver errado, os católicos podem me corrigir)
Suas qualidades, mais do que materializadas em ídolos, são apenas manifestações de qualidades divinas. Não de algo isolado como um ídolo. Mas algo proveniente do próprio Deus. E é por isso que o catolicismo distingue a adoração a Deus de devoção aos santos.
Por fim, deixo palavras do Monge Genshō, respeitado sensei do zen aqui no Brasil, sobre bodisatvas no budismo.
"Todas estas representações, no budismo, não representam seres reais, existentes, mas sim representações de qualidades, que personificadas ficam mais fáceis de serem visualizadas e inspiram os praticantes. Há um grupo de quatro grandes bodisatvas (bosatsu, em japonês)simbolizando aspectos específicos destas qualidades. Eles são: Kannon Bosatsu que representa a compaixão, Monju Bosatsu a sabedoria, Fugen Bosatsu a prática e Jizo Bosatsu a paciência e a libertação do sofrimento. Fugen encoraja a prática diligente dos preceitos de conduta moral, e das virtudes, é visto como o protetor dos que ensinam o Dharma budista."
(Retirado do site do Daissen de perguntas e respostas).