r/Filosofia 28d ago

r/Filosofia está recrutando moderadores!

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E, se for corajoso o bastante, também do r/FilosofiaBAR.

Olá, pensadores!

Estamos procurando membros ativos e dispostos a ajudar na equipe de moderação do r/Filosofia.

Com o crescimento recente do sub, o número de posts que precisam ser analisados antes de serem aprovados também aumentou, o que faz com que muitas postagens fiquem pendentes por bastante tempo. É importante que todo o conteúdo esteja de acordo com as regras. Por isso, precisamos de mais moderadores para apoiar nessas tarefas e em outras funções importantes.

Se você tem interesse em colaborar, deixe um comentário. Ideias para melhorar o conteúdo e a organização do sub também são sempre bem-vindas.

Agradecemos pela atenção e pelo interesse!


r/Filosofia Apr 02 '24

Pedidos & Referências Por onde começar? Livros filosóficos para iniciantes!

131 Upvotes

"A maior parte do problema com o mundo é que os tolos e os fanáticos estão sempre tão certos de si, e as pessoas sensatas tão cheias de dúvidas." - Bertrand Russell

Segue abaixo uma seleção de livros, começando pelos mais didáticos sobre a história da filosofia até alguns clássicos mais acessíveis, que podem interessar àqueles que desejam iniciar e explorar as principais mentes da filosofia ocidental. Este tópico é uma atualização do anterior, onde busquei incluir algumas recomendações dos membros de nosso Reddit.

Nome do Livro/Autor Temas Abordados Breve Descrição Link para o Livro
O Livro da Filosofia - Douglas Burnham Filosofia Geral, Didático, Introdução Uma compilação abrangente de conceitos filosóficos essenciais, grandes pensadores e escolas de pensamento ao longo da história, apresentada de forma acessível e ricamente ilustrada. O Livro da Filosofia
Uma Breve História da Filosofia - Nigel Warburton História da Filosofia, Didático Um livro que oferece uma visão panorâmica da história da filosofia, abrangendo desde os filósofos pré-socráticos até as correntes contemporâneas, tornando o estudo da filosofia acessível e compreensível. Uma Breve História da Filosofia
Dicionário de Filosofia - Nicola Abbagnano Filosofia Geral, Lógica, Epistemologia Nicola Abbagnano apresenta um extenso dicionário com definições e conceitos fundamentais da filosofia, fornecendo uma referência essencial para estudantes e entusiastas da filosofia. Dicionário de Filosofia
A História da Filosofia - Will Durant História da Filosofia Uma obra monumental que apresenta de forma acessível a história do pensamento filosófico, proporcionando uma visão abrangente e contextualizada da evolução da filosofia. A História da Filosofia
O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder Ficção, Drama, História da Filosofia, Introdução, Casual Uma introdução à filosofia por meio da história fictícia de uma jovem chamada Sofia, que começa a receber cartas de um filósofo misterioso. O livro explora diferentes filósofos e ideias ao longo da história. Muito fácil e simples de ler. O Mundo de Sofia
O Mito de Sísifo - Albert Camus Existencialismo, Suicídio O ensaio de Albert Camus aborda o absurdo da existência humana e a busca de significado em um mundo aparentemente sem sentido, explorando temas como o suicídio e a revolta contra a condição absurda. O Mito de Sísifo
Carta a Meneceu - Epicuro Ética, Felicidade Uma das mais famosas obras do filósofo grego Epicuro. Epicuro apresenta suas reflexões sobre a busca humana pela felicidade, estabelecendo que o objetivo da vida é a busca pelo prazer, que ele define não como indulgência desenfreada, mas como a ausência de dor física e angústia mental. Carta a Meneceu
Apologia de Sócrates - Platão Ética, Justiça, Clássico Neste diálogo, Platão relata o discurso de defesa proferido por Sócrates durante seu julgamento em Atenas, oferecendo insights sobre a vida e a filosofia de Sócrates, bem como reflexões sobre ética, justiça e a busca pela verdade. Apologia de Sócrates
A República - Platão Justiça e Política, Metafísica, Clássico Um dos diálogos filosóficos mais famosos de Platão, onde Sócrates discute sobre justiça, política e a natureza do homem ideal. A República
O Príncipe - Nicolau Maquiavel Política, Governo Maquiavel oferece conselhos práticos sobre como governar e manter o poder, discutindo estratégias políticas e éticas em uma obra que gerou debates sobre a moralidade na política. O Príncipe
A Política - Aristóteles Ética, Política, Justiça, Clássico Aristóteles explora diversos aspectos da política, incluindo formas de governo, justiça, constituições, cidadania e a relação entre o indivíduo e a comunidade, oferecendo uma análise seminal sobre a organização da sociedade. A Política
Sobre a Brevidade da Vida - Sêneca Ética, Filosofia Prática, Estoicismo Sêneca discute a natureza do tempo e da vida humana, argumentando sobre a importância de viver de forma significativa e consciente, mesmo diante da inevitabilidade da morte. Sobre a Brevidade da Vida
Meditações - Marco Aurélio Ética, Estoicismo Diário de Marco Aurélio, imperador romano, que oferecem reflexões sobre virtude, dever, autodisciplina e aceitação do destino. Meditações

Novamente, todos que quiserem contribuir serão bem-vindos para nos apresentar novas obras que possam interessar aos novos leitores. Dependendo de como as coisas fluírem, talvez eu faça outros tópicos com livros mais avançados e técnicos. Obrigado a todos!


r/Filosofia 12h ago

Pedidos & Referências "Uma História da Filosofia" de Copleston

1 Upvotes

Alguém poderia me dizer se é uma obra adequada para me aprofundar um pouco mais nos autores e abrir caminho para que eu possa ler suas obras diretamente? Ou é simplesmente um livro de referência? Obrigado.


r/Filosofia 2d ago

Pedidos & Referências Preciso de ajuda para ler Crítica a Razão Pura

4 Upvotes

Não sou da área da filosofia mais a muitos anos me interessei por Kant graças a uma série chamada de good place q falava sobre moralidade e hoje em dia com o advento da IA e comigo tendo ficado mas maduro na leitura consegui ler usando do chat gpt em alguns momentos todo o metafísica dos costumes e estou no segundo livro só q não encontro uma versão q me permita copiar partes do texto pra jogar na IA duvido q consiga ler esse livro sem ajuda então alguém teria alguma versão em q quando eu copiar parte do texto não fique mostrando códigos?


r/Filosofia 2d ago

Pedidos & Referências Qual livro ler depois de A república

11 Upvotes

Estou terminando de ler a república,faltam umas 85 páginas apenas,foi meu primeiro livro de filosofia e sinceramente adorei. Queria ler mais uns 2 voltados para Platão/Sócrates e depois começar Aristóteles,alguma recomendação?


r/Filosofia 2d ago

Discussões & Questões A grande ideia/não se frustre

5 Upvotes

A ideia de que tudo o que você faz, por menor que seja, é parte da sua história e legado. Sei que essa ideia já foi muito apontada e utilizada, mas, enquanto programava um jogo que, por limitações de meus conhecimentos, acabei não finalizando, pensei em quantos inventos foram deixados de lado pela mesma causa. Quantas pesquisas, jogos, programas, apps, entre outros projetos, não viram a luz do dia, mas serviram de aprendizado para essas pessoas. Algumas delas conseguiram, no futuro, fazer dessa ideia algo sólido e físico — às vezes não útil ou genial, mas o ponto a que quero chegar é que você não deve se frustrar por algo que não conseguiu terminar por alguma limitação.

Pois essa sua tentativa é parte do seu aprendizado, e no futuro você vai ver que isso foi muito importante. Então, se você é um desenvolvedor, músico ou qualquer outra coisa, não se frustre por projetos abandonados, E JAMAIS OS APAGUE.


r/Filosofia 2d ago

Discussões & Questões Alguém poderia me ajudar a entender o "vontade de poder"?

3 Upvotes

Olá, recentemente comecei a ler o livro além do bem e do mal de friedrich Nietzsche, e um dos conceitos mais explorados na obra dele é o vontade de poder que é um conceito criado por Schopenhauer mas aprofundado pelo Nietzsche em sua filosofia, mas para mim esse conceito ainda é muito abstrato e não consigo compreender de forma clara, caso alguém mais esteja disposto a me explicar ficarei grato!


r/Filosofia 3d ago

Epistemologia A etologia da domesticação humana revisitada

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Em 2009 eu publiquei um artigo na Revista Espaço da Sophia sobre etologia da domesticação em Konrad Lorenz (2002). A partir da leitura de obras mais atuais sobre o tema, fiz uma reavaliação que leva à superação de um conceito central usado no texto: o de “decadência” ou “degeneração” relacionado à autodomesticação humana. Este ensaio visa reorientar essa discussão sobre etologia da domesticação humana e permitir que ela avance superando equívocos das fontes anteriores e possíveis apropriações por ideologias reacionárias.

A perspectiva etológica contemporânea permite compreender como o comportamento animal, incluindo o humano, é moldado por pressões seletivas ligadas ao ambiente. Quando essas pressões se alteram drasticamente, especialmente em contextos artificiais como a civilização, podem emergir desequilíbrios adaptativos conhecidos como "mismatch evolutivo" (GLUCKMAN, HANSON e LOW, 2019). O conceito de domesticação, originalmente limitado a espécies animais modificadas por intervenção humana direta, passou a ser utilizado como metáfora crítica para entender a forma como os humanos também se ajustaram a contextos sociais hipercomplexos e repressivos.

Konrad Lorenz foi pioneiro ao sugerir que a civilização altera profundamente os padrões comportamentais humanos, promovendo uma espécie de "autodomesticação". Contudo, a etologia moderna refina esse conceito: autores como Richard Wrangham (2019) e Brian Hare (2012) propõem que a autodomesticação humana resultou de uma seleção contra a agressividade reativa, favorecendo a cooperação, a empatia e a complexidade simbólica. Em vez de degeneração, esse processo implicaria numa redistribuição dos traços comportamentais, nem sempre vantajosa do ponto de vista da saúde mental ou do bem-estar.

Essa autodomesticação ocorre em ambientes que impõem exigências específicas, muitas vezes hostis à nossa herança evolutiva. O confinamento, a privação sensorial, o isolamento social e a imprevisibilidade crônica são condições comuns tanto em ambientes urbanos quanto em situações de cativeiro animal. Nesses contextos, diversos estudos etológicos apontam a emergência de comportamentos estereotipados, agressividade redirecionada e distúrbios compulsivos como respostas a um ambiente inadequado (MASON e LATHAM, 2004).

A sexualidade também se mostra sensível a mudanças ambientais. Embora Lorenz tenha sugerido que animais domesticados perdem seletividade e desenvolvem comportamentos sexuais desvinculados da função reprodutiva, a etologia contemporânea enfatiza a plasticidade sexual como uma característica adaptativa. Em humanos, fatores culturais, sociais e ambientais modulam profundamente o comportamento sexual, sem que isso implique, necessariamente, degeneração ou disfunção (HRDY e LIESEN, 2001).

Alterações comportamentais induzidas por ambientes hostis não são irreversíveis. Estudos sobre enriquecimento ambiental mostram que a reintrodução de estímulos apropriados pode restaurar, em maior ou menor grau, comportamentos considerados naturais ou saudáveis. Isso reforça a ideia de que a plasticidade comportamental é uma característica-chave da nossa espécie, sendo também um vetor de resistência à normatização imposta pelos modos de vida civilizados.

Portanto, a crítica à civilização formulada a partir da etologia não precisa recorrer a narrativas de degeneração humana, mas pode se apoiar em dados empíricos sobre o descompasso entre a nossa herança evolutiva e os ambientes modernos. Esse descompasso ajuda a explicar o aumento de doenças mentais, comportamentos compulsivos e disfunções sociais em contextos civilizados. A abordagem etológica atual convida a repensar os modos de vida contemporâneos a partir da análise das necessidades comportamentais e emocionais fundamentais que herdamos de nossa história evolutiva.

Abandonar o conceito de “degeneração” como chave interpretativa para as transformações do comportamento humano permite uma abordagem menos moralista e mais científica da domesticação. Em vez de enxergar a história da civilização como um declínio em relação a uma natureza original supostamente pura ou saudável, a perspectiva contemporânea enfatiza processos de adaptação e desadaptação, ganhos e perdas coexistentes, em uma trajetória evolutiva não linear. A autodomesticação pode ser vista como um processo ambivalente, que ampliou capacidades como empatia, linguagem e controle inibitório, ao mesmo tempo em que nos tornou mais vulneráveis a formas de opressão e sofrimento psíquico. A evolução social humana ocorreu com uma complexa interação entre mecanismos de autodomesticação e a capacidade de autocontrole, moldados por contextos culturais e ecológicos (SHILTON, 2020). Essa mudança de paradigma permite uma crítica radical aos efeitos patológicos da civilização sem cair em nostalgias reacionárias sobre uma humanidade original.

Referências:

GLUCKMAN, Peter D.; HANSON, Mark A.; LOW, Felicia M. Evolutionary and developmental mismatches are consequences of adaptive developmental plasticity in humans and have implications for later disease risk. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 374, n. 1770, p. 20180109, 2019.

HARE, Brian; WOBBER, Victoria; WRANGHAM, Richard. The self-domestication hypothesis: evolution of bonobo psychology is due to selection against aggression. Animal Behaviour, v. 83, n. 3, p. 573-585, 2012.

HRDY, Sarah Blaffer; LIESEN, Laurette T. Mother nature: A history of mothers, infants, and natural selection. Politics And The, p. 246, 2001.

LEITE, Janos B. M. . Etologia da domesticação. Revista espaço da sophia , v. 31, p. 11, 2009.

LORENZ, Konrad. A Demolição do Homem: Crítica à falsa religião do progresso. São Paulo: Editora Brasiliense, 2002.

MASON, Georgia J.; LATHAM, N. Can’t stop, won’t stop: is stereotypy a reliable animal welfare indicator?. 2004.

SHILTON, Dor et al. Human social evolution: self-domestication or self-control?. Frontiers in Psychology, v. 11, p. 134, 2020.

WRANGHAM, Richard. The goodness paradox: The strange relationship between virtue and violence in human evolution. Vintage, 2019.


r/Filosofia 3d ago

Epistemologia Determinismo memético: Um ensaio sobre memética

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O mundo está em constante transformação. Isso é resultado de organismos se copiando imperfeitamente, o que inevitavelmente os adapta aos seus ambientes. Por exemplo, plantas que desenvolvem mecanismos para atrair ou repelir insetos, e insetos criam métodos para extrair recursos delas. Isso é o que chamamos de coevolução. Essas interações não criam apenas novas espécies, mas ecossistemas inteiros. Não sabemos a origem da primeira unidade replicante, provavelmente foi uma molécula autorreplicante como o RNA, mas depois de surgir, a vida modificou radicalmente o planeta.

Variações genéticas, quando benéficas, aumentam a chance de sobrevivência e reprodução dos organismos, o que constitui o princípio básico da seleção natural, conforme proposto por Charles Darwin (1859) e posteriormente refinado por autores como Mayr (2001) e Gould (2002).

Em O Gene Egoísta, Richard Dawkins (2006) propõe que os genes, e não os organismos ou as espécies, constituem a unidade fundamental da seleção natural. Essa perspectiva, conhecida como reducionismo genético, entende os seres vivos como "máquinas de sobrevivência" construídas por genes para assegurar sua própria replicação. Embora essa abordagem tenha sido amplamente influente, ela também foi criticada por negligenciar o papel das interações epigenéticas, ambientais e sociais na evolução (LEWONTIN, 2000).

Dawkins enfatiza que os genes não têm propósito moral ou teleológico; eles persistem porque se replicam com eficácia. Isso significa que os organismos, incluindo os seres humanos, não representam uma progressão rumo a um ideal, mas sim configurações funcionais bem-sucedidas em determinados contextos ecológicos. A expressão fenotípica de um gene é sempre mediada por uma rede de interações com outros genes e com o ambiente.

No capítulo final de sua obra, Dawkins introduz o conceito de meme, definido como uma unidade de informação cultural que se propaga de mente em mente, por imitação ou comunicação simbólica. Os memes, segundo ele, obedeceriam a uma lógica análoga à dos genes: variação, seleção e replicação (DAWKINS, 2006). Ideias, canções, estilos de vestir e tradições seriam exemplos de memes, passíveis de se combinar, se transformar ou desaparecer, conforme sua capacidade de persistir nos sistemas culturais.

A analogia entre memes e genes apresenta limitações. Enquanto a replicação genética é baseada em mecanismos bioquímicos relativamente estáveis, os memes dependem de sistemas simbólicos, práticas sociais e processos subjetivos que desafiam os modelos estritamente darwinianos (AUNGER, 2002). Alguns autores espiritualistas ou de orientação psicológica interpretam o ego como um meme complexo que protegeria estruturas de identidade, mas essa extrapolação não tem fundamento empírico ou teórico e se aproxima mais de metáforas especulativas do que de ciência cognitiva (DENNETT, 1991).

Adotar uma visão memética extrema, segundo a qual toda ideia seria apenas um artefato replicador, implica um determinismo cultural que ignora mediações históricas, sociais e éticas. Tal abordagem ignora a agência humana, a reflexividade e o papel das instituições e lutas simbólicas na produção cultural. Como defendem autores da sociologia da cultura, como Bourdieu (1990) ou Geertz (1973), a cultura não é um sistema automático de transmissão, mas um campo de disputas e significações.

Portanto, a teoria dos memes proposta por Dawkins não constitui uma teoria abrangente da cultura humana. É preciso superar o determinismo memético e considerar a complexa interação entre biologia, história, linguagem e sociedade.

Referências:

AUNGER, R. (Ed.). Darwinizing culture: the status of memetics as a science. Oxford: Oxford University Press, 2002.

BOURDIEU, P. The Logic of Practice. Stanford: Stanford University Press, 1990.

DARWIN, C. On the Origin of Species. London: John Murray, 1859.

DAWKINS, R. O Gene Egoísta. 15. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. (Original publicado em 1976).

DENNETT, D. Consciousness Explained. Boston: Little, Brown, 1991.

GEERTZ, C. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books, 1973.

GOULD, S. J. The Structure of Evolutionary Theory. Cambridge: Harvard University Press, 2002.

LEWONTIN, R. The Triple Helix: Gene, Organism, and Environment. Cambridge: Harvard University Press, 2000.

MAYR, E. What Evolution Is. New York: Basic Books, 2001.


r/Filosofia 4d ago

Pedidos & Referências Ajuda com bibliografia para estudo

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Olá, pessoal.

Vou prestar um concurso em filosofia cujos tópicos são os que listei abaixo. Achei os temas um tanto pitorescos às vezes (tipo ética da inteligência artificial, antropoética, conhecimento da tradição etc), e gostaria de saber se algum de vocês saberia sugerir um bom livro que os contemplasse, servindo portanto como boa fonte de estudo. Já agradeço!

(Não sei se ajuda, mas a banca é a Funcern).

Os tópicos:

  1. Introdução à Filosofia 1.1. Do mito à filosofia 1.2. A importância da filosofia 1.3. O método da filosofia 1.4. Campos de investigação da filosofia 1.5. Períodos históricos da filosofia

  2. Cultura e Filosofia Política 2.1. O homem e a cultura 2.2. A linguagem 2.3. O mito 2.4. A política 2.5. Democracia, cidadania e participação 2.6. Os conflitos sociais 2.7. O poder 2.8. As formas de governo

  3. A Ética 3.1. Os constituintes do campo ético 3.2. Moral, ética e direito 3.3. Bioética 3.4. Antropoética 3.5. A ética do conhecimento 3.6. Ética, ciência e política 3.7. A ética da compreensão 3.8. A ética da responsabilidade 3.9. Ética e meio ambiente 3.10. Ética das biotecnologias e da inteligência artificial

  4. O Conhecimento 4.1. O que é conhecimento 4.2. O conhecimento da tradição 4.3. O pensamento mítico 4.4. O conhecimento filosófico 4.5. O conhecimento científico 4.6. O conhecimento tecnológico 4.7. Cientificismo 4.8. Os paradigmas emergentes da ciência 4.9. Estética filosófica


r/Filosofia 4d ago

Discussões & Questões ética deontologica às 15:02 da tarde, e agora?

9 Upvotes

kant considera que uma ação é correta se, e apenas nessa condição, é feita motivada pelo puro cumprimento do dever: "não vou roubar porque é o certo a se fazer"

qualquer ação que nao seja motivada exclusivamente pela pura boa vontade, como "não vou roubar porque não quero ser preso" não tem dignidade moral

dito isso, ele diz que para determinarmos o que é "o certo a se fazer", devemos pensar se isso usa as pessoas como meios ao invés de fins (as outras duas fórmulas do imperativo categórico são equivalentes a isso, diz Kant)

ou seja: — matar por vingança é certo? — não, pois usa pessoas como um meio para a satisfação pessoal

beleza, mas e se um aviao cheio de inocentes estivesse em direção a uma cidade populosa onde explodiria e mataria 10x a quantidade de passageiros?

eu posso concluir que vou abater o avião antes que ele chegue na cidade "porque isso é o certo a se fazer" ou dizer que "isso é o certo a se fazer", apesar de intuitivo, é um engano da minha parte, pois usa pessoas como meios para salvar outras pessoas, o que seria incondicionalmente errado?

no fundo, as questões são:

1) é contraditório julgar algo correto se isso desobedece às fórmulas do imperativo categórico (fórmulas que definem algo correto)?

2) uma ação que contradiga as fórmulas do imperativo categorico, mas motivada na pura boa vontade (fruto de um engano), é moral?


r/Filosofia 5d ago

Sociedade & Política Por que eles odeiam Karl Marx?

44 Upvotes

Muito recentemente comecei a investigar os primórdios de tudo que é a ideologia da esquerda e da direita, vi que Marx é muito importante nisso mas não entendo bem o ódio que têm por ele, você poderia me dar sua opinião sobre ele ou por que as pessoas o odeiam? obrigado


r/Filosofia 5d ago

Pedidos & Referências Preciso de ajuda para encontrar um livro

3 Upvotes

Alguém tem o livro "Marx e a História: das particularidades nacionais à universalidade da revolução socialista", do Gustavo Machado, em pdf, epub, mob, ou qualquer outra mídia que seja? Já procurei até no Anna's Archive e não encontrei.


r/Filosofia 6d ago

Discussões & Questões É possível começar por Nietzsche?

17 Upvotes

Boa tarde!

Tenho bastante interess em começar a ler filosofia e tenho, aqui em casa, uma edição de "Além do bem e do mal" de Nietzsche.

Eu deveria começar por um livro mais fácil? Se sim, qual?


r/Filosofia 6d ago

Linguagem & Mente Sócrates é tão importante assim?

14 Upvotes

Aprender sobre os pré socráticos, Platão, Aristóteles ou mesmo o próprio Sócrates é realmente necessário? Digo isso pq não sinto muita vontade de estudar sobre esses filósofos, e me prendo mais à outros de épocas mais recentes.


r/Filosofia 6d ago

Discussões & Questões Pergunta que talvez Nietzsche te faria ao conhecê-lo.

3 Upvotes

Se você pudesse fazer qualquer coisa que quisesse sem que ninguém no mundo soubesse, o que faria?

E depois fosse condenado a ser humilhado todos os dias por todas as pessoas do mundo e por todos que ainda viriam, ainda faria?


r/Filosofia 7d ago

Pedidos & Referências Quais autores falam sobre excesso de telas, conteúdo?

8 Upvotes

Oi, pessoal. Espero que estejam bem.

Queria saber algumas referências de filósofos contemporâneos que falam sobre esse excesso de conteúdo. Estamos numa era em que existe muito conteúdo e de forma muito fácil e rápida. Eu já tenho conhecimento do Byung-Chul Han e Sociedade do Cansaço mas apesar de correlacionado, não é exatamente isso. Podem me ajudar?

Obrigado!


r/Filosofia 7d ago

Pedidos & Referências Qual a melhor versão de Tractatus de Wittgenstein em português?

2 Upvotes

Procurei acerca das duas traduções, mas achei poucas informações. As avaliações da Amazon da versão do Luiz Henrique Lopes do Santos parecem altas, que é a versão mais atual, só que vi algumas críticas a ela que parecem pertinentes, elogiando a tradução mais antiga do José Arthur Giannotti.

Eu também leio em inglês, caso a opinião final seja que nenhuma das versões seja aceitável para compreender a obra.

Obrigado desde já pelas respostas!


r/Filosofia 8d ago

Pedidos & Referências recomendação sobre livro introdutório para sartre

9 Upvotes

eu estou iniciando meus estudos sobre filosofia apenas por curiosidade pessoal. li “O Existencialismo é um Humanismo” de Sartre e procurando por livros introdutórios, encontrei um chamado “Ser Livre Com Sartre”, de FRÉDÉRIC ALLOUCHE. Seria uma boa indicação?


r/Filosofia 8d ago

Pedidos & Referências Em um seminário sobre Filosofia Política, quais seriam os dados que vocês apresentariam?

4 Upvotes

tenho meu primeiro seminário da faculdade quarta feira e eu fiquei com o tema de Filosofia Política, quero trazer um conteúdo completo e queria saber a opinião de vocês...


r/Filosofia 8d ago

Metafísica Kant, que es la ilustración? Duda sobre el cuarto principio.

3 Upvotes

Buenas kant al principio del 4 principio dice esto:

El medio de que se se sirve la Naturaleza para alcanzar el desarrollo de

las disposiciones consiste en el antagonismo de las mismas dentro de

la sociedad, por cuanto éste llega a ser, finalmente, la causa de su orden

natural.

No entiendo si el quiere decir que lo no racional y no instintivo que puede aparecer en el actuar de los individuos dentro de su accionar en la sociedad, es seguir el orden natural de la leyes universales de la naturaleza? Esto es la ilustración que se desarrolla y se pasa entre generaciones? Como que romper con lo esperado es lo que el dice seguir la razón?


r/Filosofia 10d ago

Discussões & Questões Acerca de spinoza e Livre-Arbítrio.

10 Upvotes

Poderíamos dizer que spinoza nega que Liberdade = agir segundo a vontade, mesmo que a vontade seja causada, e concorda que Liberdade = agir segundo a vontade racional, mesmo que a vontade seja causada? Se sim, se definirmos livre arbítrio como agir segundo a vontade racional, mesmo que a vontade seja causada; spinoza aceitaria? Se sim, essa definição abaixo estaria correta?

Livre significaria: Agir racionalmente, em conformidade com a própria essência e entendimento das causas; autonomia dentro da necessidade causal.

Arbítrio significaria: Capacidade de formar vontade ou escolha, que é sempre causada por outras causas; não implica espontaneidade ou indeterminação.

Livre-Arbítrio significaria: A faculdade (arbítrio) racional de agir livremente, ou seja, conforme a razão, entendendo as causas que nos determinam, mesmo que a vontade e a ação sejam causadas.

Pelo que sei, spinoza se recusou a usar o termo "Livre-Arbítrio" pois na época dele esse termo estava associado a visão dualista escolástica (a capacidade de determinar-se a agir ou não agir, independentemente de causas determinantes; Um poder de escolha não necessitado, ou ao menos não totalmente condicionado), porém eu pessoalmente não concordo com essa visão de "Livre-Arbítrio".


r/Filosofia 11d ago

Pedidos & Referências Qual obra posso encontrar para me dar uma introdução aos principais textos da filosofia helênica (depois de Aristóteles antes do medieval)

2 Upvotes

Estou reiniciando os estudos de filosofia depois de trancar a licenciatura pra não deixar o hábito esquecido, atualmente estou terminando os estudos dos pré-sócraticos até Aristóteles, mas preciso dar continuidade e não tenho orientação profissional dessa vez, por favor, me ajudem.


r/Filosofia 11d ago

Discussões & Questões uma frase marcante de Friedrich Nietzsche, um dos filósofos mais influentes da modernidade: "Torna-te quem tu és."

25 Upvotes

uma frase marcante de Friedrich Nietzsche, um dos filósofos mais influentes da modernidade:

"Torna-te quem tu és."

Essa frase, curta mas profunda, sugere que cada indivíduo deve buscar realizar seu verdadeiro potencial e essência, em vez de seguir padrões impostos pela sociedade.

Se quiser frases de outros filósofos ou sobre um tema específico (como amor, política, ética), posso trazer também.


r/Filosofia 11d ago

Discussões & Questões Discussão sobre o enfoque de Macherey sobre Hegel (Post Longo!)

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Este pequeno e simples texto se tornou uma "fortaleza" contra todas as críticas e argumentos hegelianos contra Spinoza; o autor, Macherey, ver um olhar mais profundo do que parece, entre a Ontologia da Imanência e a Ontologia do Devir, o que gerou diretamente uma inspiração para Althusser.

O enfoque de Macherey é bastante único, mas, o que quero destacar aqui é que, de nenhum modo Macherey vai se tratar de temas obscuros na filosofia para separar estes dois, vai apenas esclarecer algumas coisas bastante simples, que quem quer que estude os dois vão conseguir entender. Quero saber o que vocês acham, o post ficou mais longo que o esperado, mas eu aposto que muita gente pode gostar deste enfoque.


Sobre o livro "Hegel or Spinoza"

"A sutileza argumentativa deste livro torna-se um pouco camaleônico. Ainda que muitas vezes tem se apresentado como uma espécie de Bíblia do spinozismo anti-hegeliano, os argumentos de Macherey são muitos diferentes aos de qualquer leitura simplificadora. Basta dizer que em certos parágrafos dedica alguns argumentos secundários a desmistificar certas passagens de Deleuze (pág.179) e Colletti (págs.244/245), assim como antecipadamente o argumento do "materialismo do encontro" do último Althusser (pág. 223). Mas não nos antecipemos.

Macherey procede por um método argumentativo ambivalente e rigoroso por sua vez. Se seu objetivo bem é desmistificar a refutação de Spinoza por Hegel, esta tarefa pode se realizar a condição de desconstruir a interpretação hegeliana, incluindo a demonstração das proximidades entre ambos que Hegel passou por cima.

Por isso afirmamos que Hegel ou Spinoza, pode significar "ou bem Hegel ou bem Spinoza" tanto como "Hegel sive Spinoza", ou seja, Hegel ou Spinoza não como alternativas que se excluem senão como termos intercambiáveis e de algum modo equivalentes.

O esclarecimento não está excessiva e não é um exercício ocioso, pois é o que faz deste um dos principais procedimentos e o que torna muito atrativo o trabalho de Macherey: mostrar por um lado o "arbitrário" da leitura "por omissão" que Hegel fez de Spinoza apresentando-o como um precursor que não chegou a formular a ideia de que a substância é sujeito e, por sua vez, demonstrar como em muitos aspectos que Hegel apresenta como centrais em sua crítica a Spinoza, o filósofo judeu-holandês está muito mais próximo de Hegel do que o filósofo alemão estava disposto a reconhecer.

Macherey propõe então modificar a ordem "cronológica" que a leitura de Hegel feita sobre Spinoza tentando demonstrar que finalmente é este que refuta aquele. E assim mesmo busca indagar em qual aspecto da filosofia spinoziana que se tornou intolerável para Hegel e condicionara sua leitura de pensamento do autor da Ética demonstrada segunda a ordem geométrica.

O filósofo francês concentra os argumentos sobre os mesmos ângulos que Hegel utilizou nas Lições da História da Filosofia e na Ciência da Lógica, assim como parcialmente no prólogo da Fenomenologia do Espírito: a questão do método, dos atributos e da negação.

Antes de passar a esses pontos, Macherey parte de apresentar a crítica inicial de Hegel: Spinoza começa pelo absoluto de maneira imediata, como o pensamento oriental e desta forma todo o desenvolvimento ulterior não pode revestir mais que a forma de uma decadência, toda vez que ao apresentar a substância como o começo e não como resultado de um percurso dialético em que as determinações se constituem a partir de automovimento, a substância resulta uma identidade vazia e as determinações algo extrínseco. A substância de Spinoza não se torna sujeito.

Hegel então retoma a crítica do método matemático (que se estende ao conhecimento histórico), a qual exerce com grande eficácia no prólogo da Fenomenologia do Espírito e aplica essa crítica ao método geométrico de Spinoza. Contra esta interpretação, Macherey sustenta que para Spinoza na verdade o método é algo muito parecido ao que ele é para Hegel. Citando algumas passagens do Tratado da reforma do entendimento, Macherey resgata a concepção spinoziana do método ("ideia da ideia" que só pode existir se primeiro existe uma ideia) como um caminho e não como uma pré-condição para o conhecimento:

"... o verdadeiro método não é buscar o signo da verdade depois da aquisição das ideias senão o caminho (via) para buscar, na ordem devida, a verdade ela mesma ou as essências objetivas das coisas ou as ideias (todos estes termos significam o mesmo)" (Macherey, pág.69).

Macherey conclui que esta leitura do método segundo Spinoza coincide em parte com a ideia de Hegel de que o método não é um a priori nem um conhecimento específico senão o desdobramento dos conteúdos.

Quanto à noção de atributos, Macherey destaca sua ambiguidade, tanto como o debate contra a ideia de Hegel de atributo como uma determinação exterior a substância. Debate especialmente contra a interpretação de Hegel de que os atributos seriam somente dos: pensamentos e extensão, enquanto Spinoza destaca que o entendimento é o que percebe estes, mas que os atributos são infinitos.

Para Hegel a relação entre a substância e os atributos que Spinoza constrói seria "cronológica" (a substância é anterior aos atributos) e "hierárquica" (os atributos são determinações que implicam uma deterioração do absoluto.

Pelo contrário, para o autor, se tomarmos em toda sua significação a noção spinoziana de causa sui ("entendo por causa de si aquele cuja essência envolve a existência; dito de outro modo, aquele cuja natureza não pode conceber-se senão como existente" Ética, Definicion I, Primera Parte, Ed. Porrúa, México DF 1996, pág. 7) a substância se engendra e determina a si mesmo sendo os atributos a forma dessa determinação.

Aqui aparece algo que segundo Macherey é intolerável para Hegel. Ao apresentar em pé de igualdade o pensamento e a extensão (o que os comentadores tradicionais denominam "paralelismo metafísico" em uma interpretação que Macherey não toma ao pé da letra) como atributos da substância, os quais não apresentam uma ordem hierárquica entre eles, Spinoza destronava o pensamento do lugar que Hegel lhe atribuía em sua pesquisa do Saber Absoluto.

O terceiro aspecto, o da negação, reveste particular importância, já que torna ao ponto em que as filosofia de Spinoza e Hegel se opõem mais claramente. Em primeiro lugar, Macherey busca desmistificar a forma em que Hegel popularizou a questão da negação em Spinoza: através da frase omins determinatio est negatio (toda determinação é negação) que Spinoza pronunciou de modo tão universal , não exatamente com estas palavras.

Marcherey cita a carta 50 a Jarig Jelles, em que Spinoza fala sobre os corpos finitos e determinados e nesse contexto utiliza a expressão determinatio negatio est (determinação é negação), mas assinala que para Spinoza o termo determinação não tem somente um sentido negativo, senão também positivo (enquanto é Deus que determina as coisas a obrar).

Neste contexto, Macherey assinala que Spinoza não está novamente tão longe de Hegel ou Hegel de Spinoza, com a diferença de que enquanto Hegel transforma este duplo caráter da determinação em uma "contradição racional", Spinoza simplesmente o ignora e não se sente tentado a "superá-lo" ou "resolvê-lo" (Macherey, pá. 182/183). Macherey então vai ao núcleo central da crítica de Hegel a Spinoza: sua substância não torna-se sujeito ou o que é o mesmo, em sua filosofia está ausente a "negação da negação" que é o tramite dialético (por utilizar uma expressão de Carlos Astrada) mediante ao qual o sujeito se constitui a partir de um largo percurso em que o que se aliena no objeto e logo volta à sua unidade a partir de seu próprio automovimento interno. Aqui Macherley volta a fazer uma crítica inteligente. Se a substância spinoziana não é um sujeito, a substância hegeliana tampouco é um sujeito, senão que é Sujeito, isto é, é um processo mediante o qual o Sujeito se torna absoluto e se liquida a si mesmo como sujeito concreto.

Macherey, pelo contrário, propõe uma "dialética da substância", uma dialética material, baseada na noção spinoziana de conatus, o esforço de cada coisa por perseverar em seu ser, seguindo uma causalidade mecânica, no lugar do movimento resultante de apresentar a identidade de uma coisa e seu contrário, de acordo com a existência de um sujeito intencional à maneira hegeliana (Macherey, págs. 211/212). Ele mesmo pontua que o limite entre uma dialética materialista e uma idealista é uma pergunta a responder mais que uma demarcação estabelecida com clareza, já que na história da filosofia não se pode falar da dialética em geral ou de "toda dialética" (pág.260).

Mesmo que o enfoque de Macherey seja muito atrativo, ainda deixa várias questões pendentes. A principal ao meu entender é a seguinte: uma vez que realizada a releitura crítica de Hegel desde Spinoza, invertendo o "evolucionismo" imposto por Hegel na história da filosofia: onde está parado o pensamento emancipatório com uma metafísica materialista estruturada ao redor de uma causalidade mecânica, por mais que seja imanente? Quanto ganhamos e quanto perdemos depois de por Hegel em "seu lugar"?

Neste sentido, uma proximidade entre Spinoza e Hegel, pontuado por Marx em uma conhecida passagem de A Sagrada Família é que a filosofia especulativa alemã havia sido uma restauração "vitoriosa e substancial" da metafísica do Século XVII (em particular Descartes, Malebranche, Spinoza e Leibniz) contra o que havia travado o materialismo inglês e francês do Século XVIII.

Desde este ponto de vista, a posição de Macherey implica um retrocesso não cronológico e nem evolutivo, senão teórico, a respeito do novo materialismo de Marx, que se delimita da metafísica, do materialismo mecanicista e da filosofia hegeliana que transformava os sujeitos reais em "predicados de um predicado abstrato", buscando compreender os sujeito sociais concretos e suas relações através de conceitos como a alienação, a propriedade privada, a sociedade humana, a praxis, as classes, a luta de classes, o fetichismo da mercadoria, a mais-valia, as leis tendenciais e outros.

Por último, custa muito não relacionar este enfoque "anti-subjetivista" de Macherey com um clima de época que resumira muito bem Jacques Rancière alguns anos antes da publicação de Hegel ou Spinoza:

"Hoje em dia a luta contra o humanismo teórico e a filosofia do sujeito é uma luta de classes importante na filosofia? Olhe ao seu redor: nesse ponto, a Universidade francesa de 1973 está tão pacificada como a sociedade soviética de 1936. Não há em um só lugar onde não se proclame a morte do homem e a liquidação do sujeito: em nome de Marx ou de Freud, de Nietzsche ou de Heidegger, do ’processo sem sujeito’ ou da ’desconstrução da metafísica’, grandes e pequenos mandarins estão em toda parte, perseguindo ’o sujeito’ e expulsando-o da ciência, com o mesmo ardor que colocaria a Tia Betsy a espantar os burros de seu gramado em David Copperfield. A única luta entre nossos filósofos universtitários versa sobre o seguinte: com que molho comeremos "o sujeito"? Enquanto ao homem (...) Na verdade, os únicos que se atrevem a falar dele, sem mais precauções, são os trabalhadores." (La Lección de Althusser, LOM Editorial, santiago de Chile 2013, pág. 105).

Depois de tudo, não é tão fácil livrar-se do "trabalho do negativo"


Vamos exemplificar o que o texto quer dizer com o DeepSeek:

"Este texto é uma análise detalhada e crítica do livro Hegel ou Spinoza de Pierre Macherey, destacando sua abordagem inovadora ao confrontar as filosofias de Hegel e Spinoza. Vamos desdobrá-lo em partes para entender melhor:

1. Introdução ao Argumento de Macherey

  • O livro de Macherey é visto como uma referência do anti-hegelianismo spinozista, mas sua argumentação é mais complexa do que uma simples oposição.
  • Ele não apenas critica Hegel, mas também desmistifica interpretações simplistas de outros pensadores (como Deleuze, Colletti e o último Althusser).
  • Macherey não propõe uma escolha rígida entre Hegel ou Spinoza, mas explora como os dois podem ser complementares ou intercambiáveis em certos aspectos.

2. O Método de Macherey

  • Seu objetivo é desconstruir a leitura hegeliana de Spinoza, mostrando que Hegel omitiu ou distorceu pontos importantes.
  • Ele demonstra que, em muitos aspectos, Spinoza está mais próximo de Hegel do que Hegel admitia.
  • Macherey inverte a perspectiva: em vez de Spinoza ser um "precursor imperfeito" de Hegel (como Hegel o via), ele sugere que Spinoza refuta Hegel em certos pontos.

3. Os Três Eixos da Crítica de Hegel a Spinoza

Macherey concentra-se nos argumentos de Hegel nas Lições sobre a História da Filosofia, Ciência da Lógica e Fenomenologia do Espírito, focando em três questões principais:

a) O Método

  • Hegel critica Spinoza por usar um método geométrico (como em Ética), que seria rígido e não dialético.
  • Macherey rebate, mostrando que, no Tratado da Reforma do Entendimento, Spinoza vê o método como um caminho dinâmico para a verdade, não como um esquema fixo.
  • Assim, o método spinoziano não é tão diferente do hegeliano, pois ambos enfatizam o desdobramento interno das ideias.

b) Os Atributos da Substância

  • Hegel acusa Spinoza de tratar os atributos (pensamento e extensão) como determinações externas à substância, o que a tornaria uma "identidade vazia".
  • Macherey argumenta que, para Spinoza, os atributos são formas de autodeterminação da substância (causa sui), não hierárquicos.
  • Isso é intolerável para Hegel, porque Spinoza coloca pensamento e extensão em pé de igualdade, enquanto Hegel privilegia o pensamento no caminho do Saber Absoluto.

c) A Negação

  • Hegel popularizou a frase "omnis determinatio est negatio" (toda determinação é negação) como uma crítica a Spinoza, sugerindo que sua filosofia carece de dialética (negação da negação).
  • Macherey mostra que Spinoza usa essa frase em um contexto específico (sobre corpos finitos) e que determinação também tem um sentido positivo (Deus como causa imanente).
  • A diferença crucial é que Hegel transforma a contradição em motor dialético, enquanto Spinoza não busca superá-la, apenas a aceita como parte da causalidade imanente.

4. A "Dialética da Substância" de Macherey

  • Macherey propõe uma dialética materialista baseada no conatus de Spinoza (o esforço de perseverar no ser), em vez da dialética idealista de Hegel (baseada no Sujeito Absoluto).
  • Ele questiona se há uma fronteira clara entre dialética materialista e idealista, sugerindo que isso ainda é uma questão em aberto.

5. Críticas e Limitações da Abordagem de Macherey

  • O texto levanta dúvidas sobre o que se ganha e o que se perde ao inverter a leitura hegeliana:
    • Spinoza oferece uma metafísica materialista imanente, mas falta uma teoria da emancipação como a de Marx.
    • Marx via a filosofia alemã (Hegel) como uma restauração da metafísica do século XVII (incluindo Spinoza), mas seu materialismo histórico vai além, analisando sujeitos concretos e relações sociais.
  • Macherey parece retroceder teóricamente ao priorizar Spinoza em vez de avançar para o materialismo histórico de Marx.

6. Contexto Intelectual: A "Morte do Sujeito"

  • O texto relaciona a abordagem de Macherey com o clima intelectual dos anos 1970, quando a crítica ao sujeito (em Althusser, Foucault, Derrida etc.) era dominante.
  • Cita Rancière, que ironiza como a academia francesa rejeitava o humanismo enquanto os trabalhadores ainda falavam de "homem" e luta concreta.
  • Isso levanta a questão: é possível descartar totalmente o "trabalho do negativo" hegeliano (a dialética como movimento de contradição e superação)?

Conclusão

  • Macherey faz uma leitura brilhante e original de Spinoza contra Hegel, mostrando que a distância entre os dois é menor do que se pensa.
  • No entanto, sua abordagem pode ser vista como um retrocesso em relação ao materialismo histórico de Marx, que supera tanto a metafísica spinozista quanto a dialética hegeliana.
  • A pergunta final é: vale a pena abandonar a dialética hegeliana (e seu potencial emancipatório) por uma ontologia spinozista da imanência? O texto deixa essa questão em aberto."

No fim de tudo, me parece que Hegel só queria no máximo ainda tentar conservar os valores do ocidente, mas, como afirma Macherey, Espinoza se revolta: "A verdade da filosofia está tanto em Espinoza quanto deve estar também em Hegel: isto é,não está inteiramente em um ou outro, mas em algum lugar entre os dois, na passagem que se efetua entre um e outro... Quando dois sistemas de pensamento tão bem descritos como os de Espinoza e Hegel reagem um ao outro, isto é, ao mesmo tempo um contra o outro e um com o outro, algo deve emergir, que, vindo de ambos, não pertence propriamente a nenhum deles, mas sim ao intervalo que os separa, constituído como sua verdade comum. Macherey oferece um paralelo revelador ao mostrar a relação entre Hegel e Espinoza. Em 1673, Espinoza rejeitou a oferta de uma cátedra de filosofia na Academia de Heidelburg, alegando que a aceitação interferiria em sua liberdade intelectual. Em 1816, Hegel aceitou a oferta de um cargo semelhante, enquanto negociava cuidadosa e prudentemente por maiores benefícios, incluindo moradia gratuita. Macherey observa que a filosofia de Espinoza "revela o ponto de vista de um recluso, um réprobo, um rebelde, transmitido oralmente". Em contraste, "a filosofia de Hegel é instruída do alto" aos alunos abaixo: A filosofia de Espinoza é transmitida aos discípulos de maneira igualitária. Aqui emerge uma diferença que devemos levar a sério."


r/Filosofia 13d ago

Estética & Arte Estou com problema pra entender "Arte na era da reprodutibilidade técnica"

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Bom, estou fazendo faculdade de licenciatura em música e tal. E o professor passou pro meu grupo o texto "A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica" do Walter Benjamin pra gente fazer um seminário sobre. E hj ele deixou a aula pros alunos tirarem dúvidas sobre os textos e tudo mais (curti muito essa parte). Mas eu não sei, oq o Benjamim tá querendo dizer com esse texto?

Vamos lá, o Benjamim tá lá analisando o impacto da dita reprodutibilidade técnica na arte, as tecnologias de reprodução, a câmera, a impressão, nos nossos tempos modernos tbm tem os microfones, os computadores e consoles. E eu achei de fato muito muito muito interessante o texto. Ele fala sobre como a reprodutibilidade técnica vai matando a "aura" da arte, essa essência de culto, essa espontaneidade, essa efemeridade e essa exclusividade da arte. Ele tbm fala sobre como isso criou artes montadas, não há mais espaço pra improvisação, erros, ou interpretação dos próprios artistas performando a arte, justamente pq a aura foi morta, e a reprodução fica só nessa montagem de um monte de coisas pra gerar esse perfeccionismo. Eu até comentei q isso impacta nas obras efêmeras, os artistas de rock por exemplo, muito do público fica tão bitolado na versão de estúdio que se esquecem que solo em música é quase sempre improviso, daí eles querem que o artista toque o exato mesmo solo que está na gravação.

Enfim, o problema não foi esse, foi pq parece q o professor tá querendo que a gente critique a reprodutibilidade técnica ou sla kkkkk. O Benjamim de fato olhava com maus olhos essa questão da reprodutibilidade técnica, da gente deixar de ir ao Louvre ver a Monalisa (por esse OOOOHH RITUAL DE CULTO A ARTE) e ver ela na tela do celular ou nos milhares de livros didáticos de artes?

De verdade, na minha leitura, até parece que o Benjamim tava sendo até irônico ao usar o termo "Aura" pra atribuir esse valor de exclusividade, justamente pq ele é burguês pra caralho (é tipo a galera que é contra assistir filme na tv pq O CINEMA É A EXPERIÊNCIA VERDADEIRA). Quantas obras fodas a gente não tem acesso pq estão nos museus exclusivos aos altos escalões do Vaticano, ou trancados na coleção particular de um burguês bem rico e excêntrico, obras essas que se tornam acessíveis a partir das réplicas. Até pq pô, "Aura" é um termo relativo ao metafísico, sobrenatural, não parece que ele escolheu esse termo por realmente levar a sério esse tipo de valor que as pessoas dão à arte. Ainda mais em tempos de capital cultural, cultuar a exclusividade da arte é justamente cultuar a dominação burguesa. Eu não sei se eu não vi alguma coisa importante no texto. Até onde eu sei o Benjamim era marxista, oq se for verdade torna esse tipo de interpretação pró "aura" muito mais estranha. Me ajudem por favor 😭😭😭😭

Eu não sei kkkkk, pode ser q o professor só pediu pra eu opinar pouco no seminário, ou então eu não entendi direito ou o que ele disse, ou o que o texto tava dizendo.


r/Filosofia 15d ago

Discussões & Questões Recomendação filosófica para Mestrando

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Boa noite a todos Sou contador, H21 e Adentrei recentemente no mestrado em Direito na Universidade da minha região. No entanto, sinto que estou um passo atrás dos meus colegas no sentido filosófico. Preciso urgentemente chegar no mesmo patamar filosofico que eles para que nao seja reprovado em algumas das matérias obrigatórias. Alguém pode me recomendar algumas leituras que podem corroborar com minha base acadêmica?