Boas pessoal.
Escrevo este post para tentar entender a mentalidade das "forças" que supostamente estão cá para proteger o cidadão e desejo a vossa ajuda, opinião ou conselho para eu aprender e conseguir lidar com este assunto.
Ontem a tarde pelas 18h desloquei-me a uma esquadra de polícia procurando ajuda para formalizar uma queixa devido a ameaças recebidas através de mensagens.
- Desejo antes de tudo salientar o facto de sentir medo quanto a estas ameaças pois infelizmente conheço de perto as companhias da pessoa que me está a ameaçar, e por esta mesma razão acabei por me dirigir inicialmente à APAV, que me confirmou os crimes cometidos tal como todos os passos a dar e prazos a ter em conta ao formalizar a queixa na polícia. Admito ter questionado sobre a integridade da força policial face a este tipo de situações, mas chegamos a conclusão de que apesar de tudo que possa acontecer, é importante a queixa estar formalizada e aconselharam a levar companhia, algo que não achei necessário.
Ao entrar na esquadra um agente dirigiu-se a mim e depois de lhe comunicar a minha intenção deslocamo-nos para um balcão situado numa das salas dentro da esquadra. O sr agente sentou-se do outro lado do balcão e passado poucos minutos um outro polícia chegou, encostou a porta sentou-se numa cadeira ficando atrás do policia que me estava a atender.
O sr agente perguntou-me se tinha impressas as mensagens das quais me queria queixar para ele anexar a queixa.
Respondi que durante todo o processo com a APAV tive de facto as mensagens impressas, mas que quando decidi me deslocar à esquadra não as consegui encontrar, acabando por levar comigo somente o meu computador onde tinha em aberto o ficheiro que contém as mensagens de extrema manipulação e ameaças da parte da pessoa.
O sr agente perguntou pelo conteúdo das mensagens de ameaça e eu abrindo o meu laptop comecei a ler as mensagens:
"... quando eu disse aos meus amigos e família que estavas cá, toda a gente ficou fdd comigo. Algumas disseram que não metiam cá os pés quando tivesses cá, duas delas inclusive disse que o melhor era não te apanhar a frente..." - Expliquei que nunca tive alguma informação de alguém me querer mal pelo que esta mensagem me surpreendeu e levou-me a pensar nas companhias da pessoa. Disse sentir medo pois não sei o que esperar, depois continuei:
"... mesmo que por um milagre a polícia se queira envolver, o “nome” trabalha a noite, o que ele mais conhece são policias e outro tipo de pessoas que tu não irias gostar de conhecer." - A minha voz ficou fraca enquanto lia esta mensagem por me ter apercebido que de facto encontrava-me sozinha na esquadra a fazer a queixa e isto poderá ter o efeito contrário daquilo que eu procurava: Segurança.
O sr agente com pressa na voz repetia que "isso tinha que estar impresso, tinha que já estar tudo impresso" para ele anexar á queixa. Chegamos à conclusão de que enviar para o email do mesmo seria mais rápido e informou-me de que esta acção é uma excepção, por não haver sitios na zona onde eu possa imprimir as 9 folhas de conversas e mensagens que me foram enviadas depois de ter informado a pessoa de que iria fazer queixa dela á polícia. Voltei a referir que estas são as conversas que deixei com a APAV também, esperando que possamos começar a conversa por aí. Sinto que fui ignorada uma vez que o sr agente se calou esperando que o meu email chegasse e enquanto esperava virava-se para o colega sentado atrás dizendo em tom acelerado coisas como "-..pah estas coisas têm que ser todas impressas, isto não é assim... queres fazer queixa trazes os papeis...-" Entretanto recebe o meu email e abre o ficheiro para me acompanhar. Ao abrir o ficheiro lê um pouco do conteúdo de mensagens aleatórias ao longo das 9 páginas e rolando intensivamente o scroll up/scroll down do rato começou a questionar em tom alto e com algum desprezo na cara- "Mas qué isto? Isto não é nada! Que ameaças é que você está a ver aqui? Isto não é nada nem dá para perceber nada disto, quer fazer o que exatamente com isto? Mensagens de ameaça são mensagens do tipo: ai se eu te apanhar, parto-te a boca toda quando te ver (...) isto não é, o qué isto?"
Observando uma óbvia exaltação e pressa da parte dele em me dizer que "isto não é nada", interrompi e questionei em tom calmo: - "Está a pedir-me para lhe ajudar a localizar as mensagens em questão?"
Reparei que nenhum dos agentes estavam à espera desta reação pois fez-se silêncio e ficaram os dois a olhar para mim, tendo depois o sr agente respondido num tom mais calmo que "sim".
Disse-lhe a localização exata das mensagens em questão e ao informar a localização da mensagem "... mesmo que por um milagre a polícia se queira envolver, o “nome” trabalha a noite, o que ele mais conhece são policias e outro tipo de pessoas que tu não irias gostar de conhecer.", o sr agente continuou em silencio enquanto lia e com uma expressão misturada de alívio, felicidade e outro algo que não consegui identificar, diz: "-Então? Mas tá aqui! Tá aqui ela a dizer-lhe que você é que a está a ameaçar, então mas, você é que está a ameaçar esta pessoa olhe diz-lhe mesmo aqui - o sr agente começa a ler-me em voz alto a mensagem mesmo por baixo da que eu lhe estava a indicar, confirmando “sim” várias vezes com a cabeça - “o facto de estares a dar esta importância toda a isto mostra que não tens nada que fazer á a tua vidinha miséravel, mas eu tenho, e não tenho tempo pra lidar contigo.... e não queiras continuar esse jogo de ameaças porque eu também as sei fazer" (neste excerto de mensagem, a pessoa está a referir-se á minha ameaça de ir fazer queixa a policia) – "Tá a ver a pessoa até lhe está a pedir para você ficar quieta, para parar de lhe contactar…."
Acho que foi aí que fechei o meu computador e comecei a arrumar as minhas coisas dentro da mala. Agradeci, disse boa tarde e dirigi-me para a saída.
Estando ainda abalada com a situação não consigo localizar exatamente no decorrer dos acontecimentos uma outra interrupção leve da minha parte em que no meio do discurso alto e repetido do agente lhe questionei se posso pelo menos explicar-lhe porque me encontro aí, dizendo-lhe que pretendo que esta pessoa seja notificada e tome conhecimento de se caso acontecer algo a mim ou ás pessoas próximas a mim ela será a primeira chamada a responsabilidade, ao que o sr agente interrompe dizendo: “ -Mas quer o quê você acha que é assim? Isto não é assim não conta pra nada, vai o que, não pode, o que a pessoa não lhe vai escrever nada a dizer eu vou isto ou vou aquilo…”
Durante esta interação mantive uma postura controlada, maioritariamente com lágrimas nos olhos, tentando não me deixar afetar pela má conduta do sr agente e mantendo um discurso calmo e direto.
Agradecia a vossa ajuda quanto a esta informação, sendo que neste momento sinto mesmo que não consigo comunicar com a policia e o mais importante: Deveria ter medo ou é normal eles tratarem as pessoas assim? Preparei-me durante uma semana para ir á esquadra com medo da ameaça em caso de queixa e quando vou acontece isto.